sábado, 12 de janeiro de 2013

Deus, uma invenção!

   Série reflexões

 
Calma, não estou afirmando que Deus não existe. Apenas asseverando que Deus é uma invenção.

Numa consulta rápida da etimologia da palavra invenção, percebe-se que não se trata de produzir algo novo ou a partir do nada. Isso seria uma criação. Mas sim de “encontrar”, de “descobrir”, e isso as vezes de forma acidental.

Inventar supõe a existência de elementos prévios, que devem ser organizados em uma nova disposição.

A propósito, Voltaire propôs uma questão que se tornou clássica: “Se Deus não existisse, seria preciso inventá-lo”.

A frase de Voltaire é um pouco paradoxal. Porque sempre se “inventa” A partir de algo; só se pode inventar Deus a partir de Deus e não a partir de nada.

Paul Tillich disse que “Deus, está acima de Deus. Ou seja, acima do seu nome, acima do discurso que fala dele, acima dos qualificativos que atribuímos a ele, acima do que percebemos dele, acima das nossas ideias e sacramentos, acima do nosso pensamento e de nossa compaixão.”

Neste sentido podemos afirmar que Deus, a “ideia de Deus”, é uma “invenção” particular de cada religião ou de cada um. Uma invenção para falar e revelar o “que” ou “aquele” que está muito além de nossas linguagens. Uma invenção que nos permite nomear e designar atributos ao inventado. De dar a ele rostos e personalidades.

O homem sempre será o inventor, e Deus o inventado. Como somos de Deus e dependemos de Deus para inventar, poderíamos, de certa forma concluir que “Deus é uma invenção de Deus”. E o homem como seu parceiro e interlocutor, fez a mais bela das invenções: Deus.

Bibliografia: Deus: uma invenção? René Girard, Teologia sistemática, Paul Tillich

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